sábado, 13 de agosto de 2022

Meditação - Mandala Tibetana: O Paraíso do Buda Medicinal

                                O paraíso  do Buda Medicinal


                        

    Ao longo da sua história, o budismo desenvolveu uma rica tradição  de artes de cura para restabelecer o equilíbrio  do corpo, da mente e da alma. Esse "paraíso  do buda Medicinal" foi representado pela primeira vez em 1687 por Desi Sangye Gyamtso, o regente do quinto Dalaï-Lama, para ilustrar as origens e as práticas  da ciência medicinal tibetana. Sentado ao centro de um paraíso celeste se encontra o Buda sobre a forma de Bhaisajyaguru, o "mestre dos remédios". Em torno dele se encontra os inúmeros deuses, sábios e outros exautados, dos quais alguns aparecem dormindo à noite embaixo de cobertas de folhas, e durante o dia se apresentam vestidos apenas de um simples manto. Na parte exterior dos muros do palácio, ornamentados de joias precisosas, encontram-se as plantas aromáticas e medicinais da farmacopéia tibetana. No alto da imagem, à esquerda, homens e mulheres se banham nas fontes medicinais repletas de formações rochosas estilizadas. No topo da respectiva mandala, é possivel observar montanhas cobertas de neves, e nos demais lados, várias variedades de plantas medicinais. O Buda Medicinal possui na sua mão  direita um pote com mirobâlano, a rainha das ervas medicinais, que a tradição  tibetana considera como uma panaceia (medicamento cujas propriedades podem curar todos os males). No budismo, todavia, os medicamentos externos não  passam de uma mera aplicação  limitada. O único  remédio para curar a doença fundamental da humanidade (a falta de atenção dada à verdadeira natureza do ser e da realidade)  é a espiritualidade; não  podendo essa ser alcançada por meio das plantas e medicamentos, mas sim pela intuição profunda e transcedental da condição humana. O corpo na cor azul-céu  do " mestre dos remédios " indica sua natureza última de consciência que engloba tudo "a imagem do céu ". Identificando-se com a sua natureza intrínseca, o terapeuta tibetano desenvolve os poderes da intuição  e da consciência permeável, que são cruciais para curar os outros assim como a si mesmo.
      Curar, significa reestabelecer  a completude/totalidade/integridade, restaurar a sabedoria, o equilíbrio  e a estabilidade. O paraíso  do Buda Medicinal representa o universo idealizado onde os remédios  existem para sanar não  importa que tipo de doença. O próprio buda declarou: " Independentemente da quantidade numerosa de seres sensíveis neste mundo, para cada um desses existe um caminho em direção à libertação." No budismo, a arte de ser você mesmo(a) é um desses caminhos/ um desses remédios, que nos ensina a ver o mundo e nós mesmos de um outro jeito, com 'novos olhos'. As pinturas da Galeria Celeste são auxílios pedagógicos e meditativos. Contemplando o Paraíso do Buda Medicinal, nossa maneira de ver  se libera das percepções habituais. Se nós nos direcionamos ao mundo sem ideias pré-concebidas, nós podemos aprender a ver tudo de maneira integrada como um paraíso  celeste.
    

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