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sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Meditando por meio da mandala tibetana que representa a INSEPARABILIDADE

                                     Mandala: UMA VISÃO  DA INSEPARABILIDADE


                                           

                                                 

     As mandalas concentram a mente sobre o princípio  unificador ao coração  de toda existência. O  Sri Yantra apresentado no centro da mandala, apresentada acima, é um símbolo  muito antigo que ilustra a interpenetração dos opostos: o vazio e a forma, o espírito e a matéria, o masculino e o feminino. Tal yantra  (literalmente, un 'aparelho') cultiva a consciência das forças infinitamente criadoras  e interpenetrantes das quais cada um de nós faze parte.

    No simbolismo tântrico hinduísta, o elemento vermelho do yantra se baseia na cor do sangue menstrual, e representa o princípio  feminino da encarnação. O elemento branco representa o princípio  masculino da energia transcendente, a descendência  da criação. Universalmente aplicável, o Sri Yantra, o 'glorioso aparelho', nos recentraliza no reconhecimento desta unidade primordial - um equilíbrio dinâmico radiante no coração de toda existência. A tradição hinduísta ilustra esse princípio cósmico por meio de um ajuste geométrico dos elementos. O budismo tântrico o personifica sobre a forma de Samantabhadra, o buda 'todo - benevolente', que é representado no topo do quadro ( a mandala representada acima) em união  com sua  consorte/companheira Samantabhadri , encarnação  do vazio primordial. À  direita e à esquerda se encontram as dinvidades meditativas tântricas Guhyasamaja e Cakrasamvara.

   Essas representações da integração  dissipam a ilusão  de separação  e de alienação  que atormentam a existência humana. Essas imagens, caso sejam contempladas profundamente, unificam tudo aquilo que frequentemente  permanece disjunto, separado das forças que sustentam a vida universal. Os budas se manifestam nas posturas de união  cósmica. Algumas são  estáticas, outras são pacíficas, outras coroadas. Algumas possuem uma anatomia normal, outras apresentam uma multitude de braços e de pernas, simbolizando as capacidades aumentadas do estado de liberdade.

  Mais que todas as outras mandalas presentes na Galeria Celeste,  esse tanka é o exemplo de uma ruptura audaciosa com a iconografia tradicional. Colocando um yantra  hindu no centro de uma mandala budista, a obra evidencia a unidade dos temas entre as duas religiões. É  interessante observar, todavia, que o Tantra hinduísta considera o princípio  feminino como a Shakti, a força animadora do princípio  masculino incarnado por Shiva. No Tantra budista, o simbolismo é invertido: as formas femininas representam a sabedoria e o espaço primordial, a cena na qual o princípio  masculino  ativo exprime sua energia e sua compaixão.

  Esse cosmo de forças se interpenetram e se moldam em partes para nossas concepções,  não havendo limites a não  ser os impostos por nós mesmos. No centro do Sri Yantra, no ponto imóvel  das energias  entrelaçadas pelo nosso ser essencial, nós  somos indissoluvelmente  conectados à toda existência, e nossa alienação  não  é mais que uma ilusão  egoísta e autodestruidora.


*A imagem  da mandala, mencionada nesse artigo, também está disponível no Instagram.